quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Eu passarinho.

Diário de viagem para Fortaleza #2 (#1)

No primeiro dia de Fortaleza, fomos ao Beach Park. Eu estava bem ansiosa pra esse passeio, porque sou louca com parques de diversão e parques aquáticos, e o Beach Park não me decepcionou em nada, muitos tobogãs bem bacanas e malucos, a piscina de ondas é uma delícia e além de tudo, ele dá acesso a uma praia muito bonita, que agora me fugiu o nome. Como voltaríamos ao parque ao longo da semana, ficamos lá por pouco tempo e logo fomos pra praia, logo em frente. Lá era uma delícia, as mesas e cadeiras bem estruturadas (e não aquelas capengas de toda praia), um cardápio incrível (tinha até uma seção de cafés!) e além de tudo, o som era ótimo. Acreditam que eles estavam tocando um cd da Cássia Eller de covers dos Beatles e outras bandas lendárias como Creedence e Queen? Pirei.

Logo fui para o mar. Fazia um bom tempo que eu não ia ao Nordeste e tinha me esquecido como o mar de lá é louco, ainda mais porque até já decorei o ritmo das ondas do litoral norte de São Paulo, pra onde eu vou praticamente todos os anos. Mas eu estava adorando, sou louca com o mar, se me deixar passo o dia lá me jogando no meio das ondas, fico mais born to be wild do que nunca. Devo ter ficado quase uma hora nadando sem parar, até que o Pedro resolve sair e eu vou acompanhá-lo. Ele já estava bem na margem, e eu estava tão, tão, feliz, vendo aquele mar, o tempo maravilhoso, pensando na semana deliciosa que ia passar na praia, que até fui correndo até ele, no melhor sentido felicidade instantânea. Incorporando a Allie virando passarinho pra cair nos braços de Noah. Eu corria querendo abraçar o mundo, "say I'm a bird, Noah", ploft, tinha um buraco no meio do caminho.

Na hora que eu caí, tinha certeza absoluta que tinha quebrado o pé, pior do que uma dor excruciante, o que eu senti foi minha perna inteira anestesiada, eu não sentia nada, nem conseguia mexê-la. Pedro, que deve ter observado meu tombo cinematográfico de camarote, veio logo até onde eu estava. Até lá, um monte de ondas estavam quebrando bem em cima de mim, deixando a cena mais decadente ainda, eu lá caída, com o cabelo todo zoado, as ondas quebrando na minha cara... Ele me ajudou a andar até a mesa, eu pedi gelo pro garçom, e não me mexi até a hora de ir embora.

Fiquei com o pé imóvel durante o resto do dia, e até que nem estava ligando, eu tinha a Cássia Eller cantando "Come Together" e lula a dorê em cima da mesa, não podia reclamar. Até que fomos embora e eu fui levantar e senti uma dor terrível que me impossibilitou de andar. Não sei como, juro, mas meio carregada pelo Pedro consegui chegar até o ambulatório do parque. Eles enfaixaram meu pé e me recomendaram procurar um médico no dia seguinte, de acordo com o paramédico, era torsão de segundo grau.

A noite que se passou foi terrível, eles colocaram uma faixa diferente, que era super aderente, e acho que sei lá, ela encolheu no meio da noite, e ficou muitíssimo apertada, interrompendo a circulação. Meu sono é muito pesado, então eu só acordava meio grogue, dava umas mexidas, choramingava de dor, socava o travesseiro e voltava a dormir. Foi terrível. No dia seguinte fui ao hospital, tirei aquela faixa from hell e troquei por outra mais de boa. O pé ainda estava muito inchado, estava com tornozelo de grávida, sabe? Eu estava mancando muito, nos primeiros dois dias só conseguia andar apoiada no Pedro, e ainda assim parecia que eu estava dançando um maracatu bêbada. Ridículo. Nesses dois dias nem fomos pra praia, aproveitamos a piscina do hotel, que acabou fazendo muito bem, já que a água ajudou o tornozelo a desinchar um monte!

Dor de morrer mesmo, foi só nos primeiros dois dias, e mesmo assim, só porque eu era uma paciente muito teimosa que não parava quieta um segundo. Ainda fiquei mais uns dias com pé enfaixado, mas liberada para curtir a praia e tudo mais, apesar de o inchaço continuar lá (não desinchou totalmente até hoje!). O melhor de tudo era que na feirinha-amor de Fortaleza (que eu bati o ponto quase todos os dias) todos os vendedores me paravam pra saber o que tinha acontecido com meu pé, "mas bichinha, tu só podia ser mineira mesmo, não tá acostumada com o mar doido aqui do nordeste!", pra mim o melhor de Fortaleza foi o povo, saí apaixonada pelos cearences!

Depois que a dor passou, eu realmente estava muito bem. Foi até legal ser paparicada por todo mundo, todos tinham que pegar as coisas pra mim e me ajudar, enquanto a madame ficava lá com o pé pra cima. Mas o mais incrível de tudo isso foi fazer uma coisa que eu SEMPRE sonhei: parar o trânsito e atravessar a rua muito devagar e mancando!


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