domingo, 15 de abril de 2012

Era uma tarde de quinta

Gianoukas Papoulas é o nome da banda. Eu sei, eu sei. De comer ou de passar no cabelo? é a primeira pergunta que surge na cabeça de quem quer que leia ou escute esse nome pela primeira vez. Também pensei isso e talvez jamais tivesse ouvido qualquer coisa que viesse deles não fosse pelo mero detalhe de que meu tio foi vocalista da banda por alguns anos. Quando saiu o primeiro cd eu era bem nova e achei a coisa mais estranha do mundo ouví-lo cantando, a voz que me era tão familiar saindo mais grossa e séria no alto falante do som, cantando coisas que eu não entendia direito. 

Por ser eu muito nova e o som deles algo bem maduro, não me interessei pelos Gianoukas logo de cara. Apenas alguns anos depois que os redescobri no cd Panorâmica, pelo qual me apaixonei e ouvi de forma enlouquecida, até que os deixei de lado novamente. Aí que por esses dias estava naquelas de ouvir músicas no modo aleatório quando ouço uma melodiazinha muito bonita e amor e me surpreendi ouvindo aquela voz tão conhecida que há muito não cantava pra mim. Meu tio saiu da banda há alguns anos e agora eu nem sei se ela ainda exist, pra ser sincera, mas sei que fiquei ouvindo a música repetidamente, o que não é muito do meu feitio, simplesmente porque quando ela acabava a única coisa que eu queria fazer era ouví-la de novo.

O nome da referida linda canção é Na Sala da Justiça e não sei se isso acontece com vocês, mas mesmo quando a música é em português, se eu não prestar atenção, não sei direito o que diz. Com essa foi assim. Eu só sabia que falava de uma tarde de quinta-feira com um inimigo que queria um pouco de barulho. Fui perceber que não fazia ideia do conteúdo da letra quando um dia me peguei cantarolando enquanto lavava a louça e não conhecia aquelas palavras que saiam da minha boca. Sabia a letra por osmose e só então fui parar pra pensar no que ela dizia.

E aí que logo eu, que não uma pessoa tão conectada às palavras, (não tão) quente e letrista, me peguei apaixonada por uma música cuja letra me dizia pouco ou quase nada. Um dia ainda vou perguntar pro meu tio qual foi a ideia que originou aquela letra, a interpretação correta por trás dela, porque ao menos ouvindo superficialmente, sem nunca ter anotado ou parado pra pensar, a letra me diz pouca coisa. O título remete a quadrinhos de herois e a letra versa sobre um inimigo que aparece querendo barulho e que voltou para a casa a pé, mas quando eu a escuto a única vontade que tenho é de sair saltitando nas calçadas de alguma rua bonita no fim de tarde cheio de sol de uma quinta-feira.

Licença poética, posso?


5 comentários:

  1. Florzinha, que história legal essa do seu tio tocar na banda! Eu adorei a melodia da canção, mas nessa primeira vez que ouvi, realmente não parei pra prestar atenção na letra! Vou ouvir de novo depois de comentar.

    Isso tudo me fez lembrar de Giz. Acho que te contei o quanto sou apaixonada e casaria com essa música, mas foi só em um dia pouco especial - não estava lavando louça, mas esperando meus pais dentro do carro - reparei no quanto aquela letra é incrível e no quanto mexe comigo. Aí não deu outra, escrevi um post sobre ela lá no blog também.

    E nessa última semana, ouvindo o ao vivo do Legião, descobri que era a favorita do Renato Russo e quase morri cinco vezes de tanto amor! Engraçado isso, né?

    Beijo!

    ResponderExcluir
  2. Poxa, que nome diferente! Agora eu to com muita preguiça de ir desligar o rádio, mas quando eu for dormir com certeza vou ouvi a musica pra saber como é a voz do se tio, me deixou curiosa hehe!

    Beijos Anna

    ResponderExcluir
  3. Caraca, que máximo isso tudo! Seu tio não só fez parte de uma banda, mas de uma banda que realmente tem músicas gravadas, que saiu do fundo de quintal. Incrível, incrível, incrível! Acho que iria amar ter alguém assim na família.
    Curti a música, Anninha. Me dá vontade de sair por aí dirigindo pra alguma fazenda no meio do nada em Minas Gerais, não sei explicar. Meio que me cheira à infância, e eu nem sei o motivo. Vai entender.

    Beijos!

    ResponderExcluir
  4. Que coisa boa essa de ter um tio cantor, com banda e tudo e tal. Aqui na família tenho alguns pintores...

    E nossa, você descreveu muito bem a música por osmose. Muitas vezes já aconteceu comigo.

    Saudade daqui Anna!

    beijos

    ResponderExcluir