segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Anti-ode aos telefones

Eu odeio telefone. Se fosse elencar em uma lista as coisas que mais odeio em todo mundo, telefone estaria no top 5 fácil. Uma vez li numa entrevista uma pessoa (que não lembro quem) dizer que odiava telefone porque ele é um meio de comunicação extremamente invasivo e intrometido. Não poderia concordar mais. O telefone se impõe diante de você ao tocar, te força a atendê-lo independentemente de você estar fazendo algo mais importante, estar dormindo ou simplesmente não estar a fim de falar com alguém no momento. Telefone é uma coisa inconveniente. Também não sou a maior fã do mundo de celulares, mas estes pelo menos te dão a chance de ignorar uma chamada quando quiser ou precisar e o mais importante de tudo: celulares são silenciosos. Quer dizer, são silenciosos se você quer que eles assim sejam. Celulares não são autoritários. Sim, eles te deixam com aquela sensação de clausura típica de quem pode ser localizado a qualquer hora em qualquer lugar, mas é tão mais cômodo estar sendo vigiada por uma coisa que não faz barulho nenhum!

Eu odeio barulhos altos. Se for pra ser alto, que seja música e música que eu gosto. Aqui em casa sempre fomos muito silenciosos, meus pais não levantam a voz para mim nem na hora de dar bronca. Por ter sido criada assim, sinto um horror sobre-humano de ter que conviver com barulhos muito altos. Telefones, no geral, fazem um barulho muito alto. Não existe nada mais desagradável do que ser acordada por um telefone tocando e, acreditem, isso acontece muito aqui em casa. Por motivos de essa é minha vida, esse é meu clube, o número do meu telefone fixo é parecidíssimo com o de uma empresa de transporte rodoviário. É claro que eu recebo várias ligações por engano de pessoas querendo falar na tal empresa. É claro que aqueles que erram o número são sempre os mais educados, que ligam num sábado, às 7h, não falam alô, nem bom dia e já gritam (claro): QUE HORAS QUE SAI ÔNIBUS PRA ITUMBIARA? 

Ainda vai chegar o dia que eu vou vender uma passagem de ônibus pra um animal desses, anotar o número do cartão de crédito e fazer umas compras na Amazon. Me aguardem.

Eu odeio atender telefone. Pra começar, nunca é pra mim. Os (poucos) amigos que me ligam sempre tentam primeiro o celular e os que insistem em ligar em casa (oi Matheus) tem até uma hora habitual para isso. Pela hora do dia eu consigo dizer se a ligação é ou não para mim. Acreditem, quase nunca é e quase sempre sou eu que atendo o telefone de casa. Faço isso porque minha mãe simplesmente não o faz. Ela odeia tanto quanto eu e não se faz de rogada ao ignorá-lo completo. Eu sou neurótica demais para isso e não consigo simplesmente relaxar enquanto aquele barulho infernal ressoa pela casa toda. Uma coisa é eu atender o telefone da minha casa. Uma coisa bem desagradável, mas ossos do ofício. Outra totalmente diferente é eu atender o telefone da casa dos outros e é claro que todo mundo me acha com cara de secretária particular. Estando na casa da minha avó, basta ouvir o primeiro toque para logo alguém me pedir pra atender. Gente, alguém me explica por que eu preciso me dar ao aterrorizante trabalho de atender a um telefonema que obviamente não é para mim, sendo que dali a alguns segundos  - e uma penosa conversa com um semi-conhecido - depois vou ter que passar a batata quente (e estrondosa) para outro? Quero ser queimada viva quando o telefone toca e meu pai me CUTUCA - coisas que odeio mais que telefone: cutucões - e diz: atende lá que é pra você. Fico tão irritada que às vezes tenho vontade de chorar.

Eu odeio ligar para os outros. Ou melhor, odeio ter que ligar para os outros. Ligar sem compromisso, para jogar conversa fora é uma coisa que eu faço quando estou muito bem humorada ou muito entediada, mas o fato de ter que ligar me tira do sério. Isso não faria diferença se eu não fosse tida como a telefonista particular da família, já que raramente tenho que ligar para alguém. Talvez por essa falta de necessidade as pessoas achem de bom tom me pedir pra ligar no lugar delas. Anna, liga ali pra fulana pra mim e pede isso e aquilo. Filha, pega o telefone e liga pra Siclana que eu quero falar com ela. Anna Vitória, pega lá o catálogo de telefone e conversa com o pessoal da tv à cabo pra eles virem aqui trocar o controle remoto. Vai, procura lá o número e pede você a pizza. 

Um dia ainda vou perder as estribeiras, tacar o telefone no chão e pisar até fazê-lo em mil pedaços. 

Recentemente assisti Descontruindo Harry, do Woody Allen, que possui uma cena sensacional em que ele visita o inferno. À medida que o personagem do Woody vai passando pelos diversos andares do submundo, é informado por uma gravação de elevador o que encontrará em cada um deles. Mídia, críticos de literatura, etc. Poderia passar dias elencando uma série de coisas que encontraria em meu inferno particular, mas não tenho a menor dúvida de que no meu não se ouviria nem choro e muito menos ranger de dentes. O que é tudo isso diante do som de um telefone tocando?


NÃO

11 comentários:

  1. Gente, telefones são as coisas mais desconfortáveis da face da terra. Quando eu era criança eu super assumia o cargo de telefonista da casa. Atendia, do alto dos meus 4 anos, assim: "Quem é?". Educada que era uma beleza. Fui aprendendo a atender falando "Alô", e passei anos adorando sempre atender. Eu e Helena saíamos correndo pra ver quem ia atender primeiro. Porque eu era muito curiosa. Se minha mãe atendesse era fato que eu ficaria pulando em volta dela perguntando quem era. Até que de repente telefones se tornaram vilões. Eu odeio telefones. Odeio ter que ligar pra alguém. Quando é aniversário de alguém, eu fico o dia inteiro olhando pro telefone e procrastinando. Resolvo ligar pra pessoa e dou graças a Deus se ela não atende. Deve ser patológico. Odeio ter que pedir a pizza. Sempre empurro a tarefa no colo de alguém. Aqui em casa mamãe sempre atende o telefone. Papai, nunca. Se mamãe sai, eu e Helena entramos em guerra. Só que Helena aguenta ver o troço tocar e não atender. Eu, não. O problema é que meus amigos NUNCA ligam pra cá. E as amigas dela LIGAM. Ou seja. Era sempre pra ela. E ela nunca atendia. Sempre gritava: "To ocupada, atende você." E eu ficava fula da vida. Até que um dia eu atendi a amiga dela, e falei: "Ela tá ocupada, liga outra hora", e ela ficou FURIOSA. Desde então ela aprendeu que ou ela atende a merda do telefone, ou eu não passo a ligação. Simples assim.
    Porque uma coisa é fato: Se o telefone dessa casa tocar 100 vezes, 1 vez será pra mim. E dessa vez que for pra mim, vai ser minha tia, que na verdade, quer falar com a família toda, ou seja, pouco importa quem atender. Agora me diz: Que motivos tenho eu pra atender essa merda? HAHAHAH
    MORTE ao maldito telefone!
    Beijo!

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  2. Assino embaixo, também detesto falar ao telefone! Eu sempre prefiro falar pessoalmente (ou mandar um SMS, se for o caso). Mesmo porque tem isso de que quase nunca é pra mim. O pior é que eu também não gosto de celular, porque o sinal é sempre péssimo, então ou eu tenho que ficar gritando (o que me deixa irritado) ou repetindo 5 vezes a mesma coisa (idem). E ainda tem aquilo de quando as duas pessoas começam a falar ao mesmo tempo e se calam ao mesmo tempo... é muito confuso! haha Isso quando eu não esqueço o celular no silencioso e minha mãe me liga, eu não atendo, e ela fica toda preocupada... (quem nunca?)
    É claro que eu reconheço como é útil poder falar com quem quer que seja em qualquer lugar e tal, mas mesmo assim eu tenho evitar. Geralmente eu quero encerrar logo a ligação, então quando vou pedir comida quase sempre esqueço de perguntar alguma coisa, tipo quanto tempo vai demorar.
    Acredita que quando eu morava em São Paulo tinha o mesmo problema que você? Meu número de telefone fixo só tinha um dígito de diferença com o de uma loja lá, então por anos e anos eu tinha que atender e responder que "não, o número da loja não é esse, é tal"... hmpf'
    Aliás, ri muito do "QUE HORAS QUE SAI ÔNIBUS PRA ITUMBIARA?" (caixa alta pfvr) e da ideia de usar o cartão pra fazer uma compra na Amazon. :P [acho que você podia, no mínimo, presentear cada um com uma lista telefônica de Udi...]
    Bjo

    P.S.: Divaguei aqui, fiquei pensando se o Pedro do SMS fosse viajar de ônibus e acabasse ligando acidentalmente pra você. Quem sabe já não aconteceu? Ou quem sabe não foi o pai do seu futuro namorado? (melhor que não, né? ok) :#

    P.S.2: É quase antitético um post de ~revolta~ depois de dois posts daqueles que melhoram o humor de qualquer pessoa... :)

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  3. Eu amo atender telefone, e falar no telefone, e só por causa desde teu post cheio de indiretas pra mim vou te ligar na hora de Malhação. Abraços, Matheus.

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  4. "Fico tão irritada que às vezes tenho vontade de chorar"

    TE AMO HAHAHAHAHA

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  5. Também não suporto telefones! E não aguento ouvi-los tocar por muito tempo. E sim, é chato demais ser acordada com tal barulho. O pior é quando a pessoa liga e pergunta: Quem está falando?
    Como assim? Eu deveria perguntar isso. A verdade é que eu não tenho celular, e sou uma pessoa muito feliz por isso! haha!
    Ótimo texto!
    Beijos!

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  6. Esse texto vai pra lista dos "EU DEVERIA TER ESCRITO PRIMEIRO!" porque sério, você nào estava se descrevendo, você estava ME descrevendo, com todas as letras. Exceto o fato de que o telefone da minha casa é parecido com o de uma CADEIA. Todos os meus telefones SEMPRE são parecidos com o de uma cadeia. Praga do céu, só pode!
    Eu nunca liguei pra alguém pra jogar conversa fora, só ligo se for obrigada e só atendo quando só tem eu e meu pai em casa, porque se tem alguém que odeia telefone mais que eu é ele. Adoro celular porque inventaram as abençoadas das sms's, as quais eu escrevo quando quero, respondo quando quero, choro e ninguém percebe, sorrio e ninguém percebe, posso responder meio dormindo e inclusive dentro do banheiro. Falar ao telefone é ultrapassado demais pra minha pessoa e quando o bendito resolve tocar cedo e ninguém atende, eu acordo mas não levanto nem a pau. A não ser quando é de madrugada, pq telefone de madrugada é sinal de que alguém morreu. Te amo mais ainda porque agora sei que você odeia telefones.
    <3

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  7. Eu também odeio telefone. Morar sozinha sem telefone fixo é uma benção justamente por isso. Ainda assim, tenho que lidar com o estresse de ligações no celular.
    Em São Joaquim, eu me recuso a atender o telefone. Só atendo quando me mandam, e o faço de bico. Quando estou sozinha por lá, simplesmente ignoro. Embora também odeie o barulho do telefone tocando.

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  8. Amei, Ana!
    Não podia deixar de comentar pq etsou com vc nessa!
    Já até fiz um pos sobre isso tbm....
    Concordo com vc em todas as palavras! Não só detesto atender, comoodeio ligar tbm... (a não ser que esteja bem humorada, como vc mesma disse).
    Eu não gosto de atender telefone e minha mãe sabe disso. Ás vezes fica tocando e eu nao atendo...minha mão não se conforma! kkkkk

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  9. HAHAHA, crises de riso DEFINE. Ó DEUS!
    Gente, aqui em casa ninguém curte atender telefone, termina sobrando pro meu pai - nada mais justo, porque ele, por ser corretor de seguros, receber 99,9% de todas as ligações daqui de casa. E, believe me, NÃO SÃO POUCAS. Agora mesmo, enquanto escrevia esse comentário, o telefone tocou e eu tive que ir atender [por razões de eu sou a única pessoa em casa, damn] e, adivinha? Uma mulher aí procurando meu pai. Já é a terceira vez que ela liga e as três vezes fui eu que atendi. Tô me sentindo com cara de secretária, só que NINGUÉM TÁ ME PAGANDO PRA ISSO, né. Aff

    Beijinhos!

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