quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

OSCAR 2016: Survivor edition #1

Queridos leitores, sejam bem vindos ao sétimo ano (!) da cobertura do Oscar neste cantinho que vocês conhecem e amam (e que já esteve muito melhor, mas não se pode ter tudo) que é o meu blog. Como de costume fiz tudo nas coxas, mesmo com tempo de sobra pra ver todos os filmes, inclusive os estrangeiros. Ah, mas eu poderia ter me organizado! Poderia. Ah, mas eu poderia ter tido um pouquinho mais de compromisso! Poderia. Ah, mas eu poderia ter levado isso a sério pelo menos uma vez n vida! Poderia. Ah, mas eu poderia ser paga pra fazer isso! Mas não sou, e por isso me dou o direito de fazer essa cobertura da forma torta de sempre, acho que esse é o meu charme.

Como falei numa edição recente da newslettinha, ultimamente o que mais levo em conta na hora de avaliar se gostei ou não de um filme foi se ele me fez sentir coisas. Minha relação com os indicados desse ano foi assim: de cara, achei a maioria desinteressante, pouca coisa chamou minha atenção e por isso demorei tanto a efetivamente começar minha maratona. Sabe, Mad Men não vai se assistir sozinha e eu ainda tenho prioridades nessa vida. Depois de ver os filmes fui surpreendida positivamente por vários, no fundo eles não eram tão chatos assim. No entanto, poucos realmente mexeram comigo, então fica esse sentimento meio tava bom, tava meio ruim também, aí parece que piorou

Que Beyoncé, Kelly e Michelle nos protejam
Por isso chamo a edição de 2016 de Survivor Edition. Apesar dos pesares cheguei viva até aqui, com um número considerável de filmes assistidos e pouca vontade de falar mal deles na internet (cause my mamma tought me better than that). Coincidentemente, vários dos indicados a Melhor Filme desse ano giram em torno de sobrevivência. Isso me fez ver que meus instintos de sobrevivência não são lá grandes coisas, porque se me visse em situações como as de O Regresso, Perdido em Marte, Room e Mad Max, só penso que Deus me livre viver. Seria a primeira a me oferecer pra dormir de conchinha com o urso e foi bom conhecer todos vocês. 

Como nem todo mundo é tão bunda mole quanto eu, temos esses filmes para prestigiar na primeira parte do nosso especial. Querido leitor, tome um banho gostoso, se acomode na poltrona, agradeça silenciosamente por não ser com você, e vem comigo:

Furiosa: Fury Road
Mad Max (2015, George Miller)

Sobre o que é? Uma perseguição bem louca numa estrada mais louca ainda em que a Furiosa vai ajudar um monte de mulheres a fugir da exploração pela mão dos homens num pesadelo pós-apocalíptico.

Sobrevivi? Não apenas sobrevivi como fui além, pois esse filme me deu vida. Não estava com preguiça de descrever a história quando resumi tudo a uma perseguição, porque o filme inteiro é bem isso mesmo. Salve-se quem puder, ninguém é de ninguém e PROTEGE AS MINA. Poucos diálogos, poucas explicações, mas nada disso faz falta pra história ser completa. O filme é potência e volume máximos, e o fato de pouquíssima coisa ter sido criada digitalmente deixa tudo ainda mais impressionante. Como já disse várias vezes, é um filme que tem tudo que eu não gosto num filme (ação, barulho, distopia e gente suja) e mesmo assim é o meu favorito da leva.

Unpopular opinion: Tenho minhas dúvidas se gostaria tanto do filme se tivesse visto em casa, acho que esse é um daqueles casos que você realmente precisa ver no cinema - um bom cinema - para ter uma experiência completa e necessária pra pegar a energia do filme.

02 leituras interessantes: a resenha da Isabela Boscov com vários detalhes da produção e esse de autoria desta que vos escreve, que pesquisou bastante para falar sobre a trilha sonora e a história do maluco tocando a guitarra que lança chamas em cima de um tanque.

E o Oscar? Deveria levar tudo, tenho medo de não levar nada.


E o Tom Hardy? A gente custa a lembrar que ele - que faz o personagem título do filme - está lá, mas ele está desempenhando um ótimo papel: just sit there and be pretty. Gosto assim.

Is there life on Mars?
Perdido em Marte (2015, Ridley Scott)

Sobre o que é? Um astronauta que fica perdido em Marte (kkkk) e sobrevive graças a umas físicas doidas e batatas plantadas com um adubo feito do seu próprio cocô. 

Sobrevivi? É uma história desesperadora contada de um jeito muito bem-humorado, com um protagonista que ri de si mesmo e da própria desgraça, algo que eu totalmente faria no lugar dele. Nossas semelhanças acabam por aí, porque toda a sua engenhosidade ao pensar em soluções tendo como base ciência pura é algo que infelizmente eu não poderia oferecer e seria o fim do filme da minha vida - mas adorei acompanhar, parabéns. Como Mark Watney prestou atenção nas aulas, a história continua e aí confesso que achei toda a parte terrena, com as articulações do pessoal da NASA para trazê-lo de volta, meio chatinha. Gostaria mais se fosse o filme todo pela perspectiva do Matt Damon, e olha que eu nem gosto tanto assim do Matt Damon (mas achei ele bem gato no filme). 

Unpopular opinion: Todo mundo falou sobre a surpresa que foi uma trilha sonora cheia de músicas disco, mas achei bem qualquer nota. Escolhas pouco inspiradas e não tivemos nenhum #momento de verdade, nem quando eles apelaram pra Starman. Tenho como referência Guardiões da Galáxia, um filme que realmente leva a mistura de espaço e anos 70 pra outro nível. 
E o Oscar? Uns tapinhas nas costas e a comida de graça estão de bom tamanho pra ele.

#agora #vai
O Retorno (2015, Alejandro Gonzales Iñarritu)

Sobre o que é? Leonardo DiCaprio vivendo as piores coisas do mundo e sobrevivendo pra contar a história.

Sobrevivi? São questões. Esse filme realmente me deixou abalada, um desconforto físico e mental. Saí do cinema querendo dar um banho em todos os personagens e sonhando com o Domhnall Gleeson (que está nesse filme, como está em todos) lavando meu cabelo. É tudo muito brutal, violento, visceral, quase insuportável de assistir em alguns momentos, mas muito bonito também - não apenas pelas paisagens e a fotografia, mas pelos sopros de delicadeza imensa no meio a uma natureza impiedosa. É um filme pretensiosão e enorme em vários sentidos, coisas que não gosto, mas pensando no Iñarritu e seu histórico de filmes pretensiosões, enormes e cheios de plano sequência, gostei mais do que esperava. Ele quer muito te impressionar e impressiona, mas será que isso basta?

Does The Revenant pull the viewer in? Yes. Is it well made? Undeniably. Is Tom Hardy once again scarily convincing and pretty much capable of anything? Of course. But this is a movie that sweats and bellows and stomps so loud, for so long, that it’s ultimately an exhausting exercise in what happens when an Oscar winner decides he’s going to do some demystifying.

Unpopular opinion: Leozinho realmente se empanhou aqui, gemeu em todas as horas certas, e como se não bastasse ter enfiado uma vela onde vela nenhuma deveria ser enfiada quando foi O Lobo de Wall Street, aqui ele dorme dentro de uma carcaça de cavalo, nada em águas congelantes e suporta todos os caprichos do Iñarritu. No entanto, Tom Hardy chamou bem mais a minha atenção. Ah, e eu torci pelo urso. 


E o Oscar? Eu apostaria nele como favorito da noite sem pensar muito não fosse o fato de Birdman ter levado ano passado e Spotlight e The Big Short terem levado outros prêmios significativos. De qualquer modo, meu feeling é de que ele seja consagrado, mesmo que não role dobradinha de Filme-Diretor. Ah, já disse que queria um Oscar pro Tom Hardy mais do que queria pro DiCaprio? 

olar
Ainda estou obcecada por ursos e agora? Assistam Grizzly Man, um documentário do Herzog sobre vida selvagem e ursos realmente sinistro. 

Queria dar um banho nela também
Room (2015, Lenny Abrahamson)

Sobre o que é? Uma mãe e seu filho presos em cativeiro conseguem se libertar, tendo de se adaptar novamente ao mundo fora do Quarto - ela depois de anos e ele pela primeira vez.

Sobrevivi? Tinha que, né? O que mais gostei nesse filme é que ele fala não sobre o abuso, não sobre uma vida em cativeiro, não sobre um plano de fuga, mas a vida depois disso. Sobreviver não é o suficiente. É de partir o coração observar a forma como uma situação assim afeta uma pessoa, a impossibilidade de simplesmente seguir com a vida deixando o trauma pra trás. Achei tudo muito doído, muito real, e Brie Larson e o menino Trembley seguram de forma absurda os seus personagens. A cena de Jack interagindo com um cachorro pela primeira vez é uma das coisas mais lindas que já vi, Mas Essa Sou Eu.

Unpopular opinion: Não tenho a menor vontade de ler o livro e se pudesse dizer qualquer coisa pra Brie Larson essa coisa seria: amiga, por favor, melhore essa postura antes de segurar o seu Oscar.

E o Oscar? Brie é favoritaça, vai ser necessário uma zebra muito grande pra tirar esse prêmio dela. Não sei se é o melhor, mas queria ver Emma Donaghue sendo premiada pelo roteiro adaptado do seu livro de mesmo nome que, embora eu não tenha lido, me parece engenhoso de ser adaptado.

Gosto de histórias tristes, desgraçamento emocional e traumas insuperáveis, o que ver agora? Short Term 12, também com a Brie Larson, também sobre as consequências de abuso.

2 comentários:

  1. Ver filmes é uma coisa que não me pertence e, por isso, tenho 0 condições de fazer parte da cultura do Oscar. Minha única pretensão para esse ano é TENTAR assistir Deadpool antes que saia de cartaz. Mas cliquei no post porque tinha "Survivor" no título. Não foi nada sobre meu reality show favorito, mas foi ótimo mesmo assim. Favor, continue assim.

    (Tudo que eu leio sobre O regresso me faz rir, porque reflete um DiCaprio DESESPERADO por um Oscar. Um colega meu me contou que tem uma parte em que ele precisa comer um coração de um bicho aí. Daí criaram um coração de gelatina e o DiCaprio ficou todo "JAMAIS! VAMOS USAR CARNE DE VERDADE". E usaram)

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  2. Como sempre, minha cara aniversariante, você coloca as coisas em perspectiva: eu ia ser a última pessoa querendo sobreviver numa situação dessas! Anseio muito pelo apocalipse zumbi, acho que vai ser divertidissimo, não vejo a hora mesmo, mas quando chegar na parte de sobrevivencia-corre-gente, vou ser a primeira a sentar na guia e vou até esticar o meu bracinho pra facilitar quando o monstro vier dar as dentadas.

    Quanto aos filmes, ando mais cansada que O Padre e sofrendo dessa falta de concentração que os especialistas dizem que é fruto do exesso de uso de tuiter, então eu gosto de um filme basicamente quando ele me envolve o suficiente pra eu esquecer da vida. Aconteceu bastante até nessa lista, tive tantos sucessos que fiquei obsecada em matar todos os 42 indicados (cheguei em 25 até o momento).

    O meu favorito de todos é o Room porque ele consegue ser dramático de um jeito diferente e real e sem aquela poesia cansativa e previsível que todo filme do Oscar tem (A Garota Dinamarquesa é lindo, mas todo mundo já sabia exatamente o que ia ser, Carol é delicado e carregado de significado, mas tem CINCO DIAS que estou vendo aquilo e é uma combinação de todos os outros mil drmaas que já assistimos e vivemos nessa coisa chamada vida). Room não, Room é novo e é lindo é é real e é uma coisa que acontece e ninguém fala. E, mais do que tudo isso, é tratado de um jeito MUITO REAL.

    E, por fim, preciso ler muito sobre Mad Max, porque acho que eu perdi os ganchos. Todo mundo falo que era um filme loucamente feminista, mas devo ter visto no dia errado, ou tô muito amarga, mas só consegui ver u filme cheio de mulheres incríveis... em que jogaram dois machos pra fazer todo o trabalho que elas supostamente não dariam conta de fazer sozinhas. Fiquei meio puta. Ainda tô. Devo estar errada. Vou ver isso aí.

    Um beijo e considere esse o seu primeiro... FELIZ PARABÉNS, SUA MARAVILHOSA!

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